sábado, 26 de janeiro de 2013

SINCRETISMOS

SINCRETISMOS

O Espírita-Cristão não pode tergiversar em matéria de fidelidade doutrinária

Rogério Coelho

"A  força  do  Espiritismo  reside   na   Universalidade   do   Ensino   dos

Espíritos, na sua filosofia, no apelo que dirige à razão e ao bom-senso."

-          Allan Kardec

 

Afirma o egrégio Codificador[1] do Espiritismo que uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: A concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.

O Espírita-Cristão, não pode tergiversar em matéria de fidelidade doutrinária.   Para ele, a Doutrina dos Espíritos é um rio de águas cristalinas cujas fontes de origem são Jesus os Espíritos Superiores e Kardec e, portanto, devem permanecer sempre cuidadas e limpas.

O Espírita é chamado a navegar por essas águas lustrais, podendo banhar-se nelas à vontade, desde que não venha a causar nenhuma espécie de poluição.   Esse "rio"
não pode receber afluentes, uma vez que perderia suas características de pureza primitiva.

Lamentavelmente, muitos que se dizem Espíritas, lançam toda sorte de detritos nesse rio, supostamente para  "melhorar" a mensagem imorredoura e imarcescível que o Mestre Lionês nos legou.   Isso não passa de um grande absurdo!  Tal ocorrência é gerada pela força dos atavismos constituídos pelos hábitos e pendores muito arraigados, para não falar em quão tenazes são os laços da matéria a obscurecer a visão do Infinito.

Num "flash-back"  da História da Humanidade, verificamos uma acentuada tendência ao sincretismo.   Muitas vezes as mesclagens originavam-se por força das circunstâncias, outras vezes por conveniências para se manter o "status-quo" vigente.   Assim é que, por exemplo, a Umbanda constitui-se da mistura do culto católico com os cultos originários da África trazidos pelos negros que, uma vez proibidos de cultuarem seus orixás e entidades, revestiram-nas com os nomes dos santos católicos.

Na etiologia da raça brasileira, notamos, em essência, a miscigenação do branco com o negro e o índio, além de uma boa porcentagem de sangue judeu.

É fácil compreender, então, que as criaturas já trazem uma tendência inata para "misturar" as coisas, quer por força dos valores históricos, caldos culturais, quer por conveniências ou idiossincrasias.   Decorre daí o fato de que, quando uma pessoa nessas condições chega à Doutrina Espírita, ainda não se desvencilhou dos usos e dos costumes anteriores, e a tendência para "conciliar" o velho com o novo é inevitável.    Não é sem motivo que o próprio Cristo recomendou[2] que "não devemos guardar vinho novo em odres velhos e tampouco remendar vestido de pano velho com pano novo.

Ninguém pode construir uma casa nova sobre as ruínas de uma casa antiga.   Primeiro é necessário derrubar a "casa velha", limpar o terreno, assentar a fundação e só então começar a construir a "casa nova".

Nossa atitude frente à Doutrina dos Espíritos não pode ser filha da precipitação e da intemperança, mas sim da reflexão e da ponderação bem sedimentadas no raciocínio.   

Na defesa dos postulados Espíritas há que se ter circunspecção e recolhimento, e também não se pode excluir a meditação, a vigilância e a oração...

Os Espíritas temos que fazer uma exceção histórica nunca dantes conseguida, isto é, deixar para os pósteros a mesma Doutrina que Kardec nos legou:  Pura, cristalina, sem nódoas, jaças ou mesclas espúrias, livre de quaisquer sincretismos.

Infelizmente surgem obras apócrifas e letras de músicas antidoutrinárias de pseudoespíritas infiltrando-se na Seara de Jesus...  Sem embargo, desde que tenhamos uma boa base doutrinária, fácil será separar o joio do trigo e coibir as enxertias deletérias.

Há que se ter em vista a assertiva sempre atual do Espírito de Verdade: "Espíritas, instruí-vos" e, consequentemente, com o estudo metódico e sistematizado da Codificação e das obras sérias que lhe são subsidiárias como as de André Luiz, Emmanuel, Joanna de Ângelis, Amélia Rodrigues, Manoel Philomeno de Miranda, Léon Denis e outros, teremos subsídios suficientes para bem aproveitarmos a atual reencarnação ao mesmo tempo em que livraremos a Doutrina Espírita de excrescências indevidas.

"Experimentai se os Espíritos são de Deus." [3]

Quando "o Discípulo Amado" cunhou essa frase, naturalmente se referia ao cuidado que devemos ter com o conteúdo das informações recebidas do Mundo Maior, mas não podemos perder de vista que os encarnados também somos Espíritos e, consequentemente, devemos filtrar no crivo da razão, à luz da Doutrina Espírita, tudo que existe circulando por aí para não nos equivocarmos, alegando ignorância, quando, na verdade, simplesmente fomos invigilantes e negligentes e ignorantes.

Nossa fidelidade a Jesus e a Kardec não pode sofrer abalos nessa altura dos acontecimentos e nesta hora planetária crucial para nossa alforria espiritual!  Tenhamos tento!   ■

 



[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, introdução, tomo II.

[2] - Mt., 9:16 e 17.

[3] - Jo., 4:1.

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