quinta-feira, 29 de março de 2012

CEAG comemora 64 anos

A casa espírita mais antiga de Muriaé completou 64 anos. O Centro Espírita Anjo Gabriel (CEAG) foi fundado em 28 de março de 1948. Para comemorar a data, a direção da casa convidou palestrantes de outras casas espíritas de Muriaé e região para ministrar palestras no mês comemorativo, como Rita Côre, de Lage do Muriaé, e Dr. Delano, de Leopoldina. Já na data em que se comemora a inauguração do CEAG, a palestrante da casa, Jackeliny Rangel, falou sobre a necessidade de amar os inimigos e mostrou uma proposta de reforma íntima segundo ensinamentos de Jesus Cristo. Após a palestra, os presentes receberam um exemplar de “O Livro dos Espíritos”, versão bolso.


Para abrir as palestras do mês de aniversário, no dia 5 de março, a palestrante espírita há cerca de 30 anos, Rita Côre, frequentadora do Centro Espírita Joanna de Ângelis, de Lage do Muriaé, ministrou uma palestra sobre Deus, seu conceito universal e nas religiões; atributos da divindade, Espiritismo e leis morais. É a quinta vez que Rita ministra palestra no CEAG em comemoração à data.

Em entrevista concedida ao Jornal A NOTÍCIA no dia 5 de março,  a palestrante reafirmou o carinho que sente pela casa. “Depois que vim de Niterói, após viver 26 anos naquela cidade, Muriaé me descobriu de imediato. Comecei a frequentar o ‘Anjo Gabriel’, assim como outras casa espíritas, e fui muito bem recebida e aqui criei laços de afeto”, contou.

Além de Rita e de palestrantes muriaeenses,  Doutor Delano, de Leopoldina, visitou o CEAG no dia 19 de março para falar à comunidade espírita e visitantes na reunião pública da casa.

A história completa do CEAG pode ser conferida clicando AQUI. O Centro Espírita Anjo Gabriel realiza palestras públicas todas as segundas e quartas-feiras, às 20h, na Travessa dos Expedicionários, 26, Centro; e nos domingos, às 18h, no Núcleo do CEAG, localizado no Planalto, ao lado da Creche Alfredo Couto. 







Texto: Gabriela Marquito

CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO

Artigo motivado por debates surgidos no ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, realizado toda segunda às 19 horas no CEAG. Venha estudar conosco.




O CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO
João Eduardo Ornelas

Deus conhece o futuro? Sabe Deus de antemão se vamos errar de em que momento acontecerá? Nesse caso seremos como robôs comandados e sem vontade própria ou qualquer controle sobre nosso destino? E o livre arbítrio, onde fica nessa história?

Allan Kardec, no livro “A Gênese” enfocou o tema presciência do futuro, ou seja, o conhecimento prévio do que acontecerá.  O futuro é de conhecimento de Deus e também dos  Espíritos evoluídos, pois estes gozam de uma visão amplificada, diferentemente de Espíritos grosseiros e de nós encarnados. Kardec explica didaticamente que é  como se  alguém estivesse no alto de uma montanha e de lá tivesse ampla visão de tudo o que se desenrolasse abaixo até uma longa distância, ao passo que aquele que  está na planície consegue ver somente até a próxima curva ou esquina não prevendo assim o que o aguarda. O Espírito no alto pode ver a pessoa embaixo e suas opções de caminhos a seguir.  Caso a pessoa escolha o caminho “A”, o Espírito poderá ver por exemplo que naquela estrada há na próxima curva um bando de assaltantes esperando para assaltar e agredir o primeiro que surgir. Caso escolha o caminho “B”, o Espírito com a visão amplificada poderá ver que naquela estrada as condições meteorológicas prenunciam um grande temporal com ventos e relâmpagos, e assim deduzirá que o caminhante que optar por aquele caminho certamente passará por momentos difíceis. Caso opte pelo caminho “C” o panorama que se apresenta aos olhos do Espírito observador no alto da montanha é bem tranqüilo: Belas paisagens, residências com pessoas hospitaleiras e acolhedoras, e o caminhante que optar  passar por ali viverá bons momentos que lhe proporcionarão descanso, refazimento das forças, novas e boas amizades.

E assim as opções que se nos apresentam a todo momento são como estradas, e temos  a liberdade de escolher qual delas seguir. Cada estrada leva a um resultado diferente, e o destino de cada caminho é conhecido de Deus e dos Espíritos Superiores, daí eles conhecerem o futuro. Mas pelo nosso livre arbítrio temos a liberdade de escolher qual caminho seguir. Isso equivale dizer que os ingredientes de nosso futuro existem e os rumos serão determinados por nossas escolhas. As várias possibilidades estão à nossa frente e nós fazemos as combinações que desejarmos, usamos os ingredientes disponíveis e montamos nossa receita. Assim é que o futuro pode ser conhecido de Deus e dos Espíritos Superiores e mesmo assim nosso livre arbítrio ser preservado. Eles conhecem, nós fazemos.

É como um jogo de trívia em que o leitor interfere na história escolhendo o caminho a seguir. Por exemplo, chega-se a um ponto da narrativa em que o personagem se vê numa situação crucial em que está encurralado e aí vem a pergunta ao leitor: se você acha que o personagem deve enfrentar o inimigo cara a cara, vá para a página x. se você acha que o personagem deve fugir para a floresta, vá para a página Y. Se você acha que o personagem deve dialogar e tentar convencer o inimigo a não atacá-lo, vá para a página Z. E assim a história vai sendo montada com o leitor decidindo o caminho várias vezes gerando vários finais possíveis.

No jogo de trívia pode-se seguir com a história até o fim e por curiosidade voltar no começo e escolher opções diferente para ver no que vai dar.  Na vida real também podemos fazer assim mas não com essa facilidade toda. Uma decisão equivocada pode levar a outras tantas situações que induzam outras tantas decisões equivocadas numa reação em cadeia. Decisões erradas podem nos afastar e muito de nosso caminho ideal. Temos sim a chance de voltar como no jogo, e teremos todas as oportunidades necessárias para acertar e evoluir, eis o grande consolo. Mas às vezes um caminho será refeito somente noutra encarnação, não sendo possível refazê-lo na atual. Assim, cada volta pode ser representada por uma nova vida pela porta do renascimento.

Mesmo sabendo o futuro, os Espíritos somente podem nos alertar caso haja a permissão de Deus, o que acontece em dois casos: para facilitar ou para mudar a marcha das coisas. Ademais Deus nos manda sinais, avisos muitas vezes imperceptíveis aos desatentos através por exemplo de própria consciência intuindo para as escolhas corretas. Mas o problema é que nem sempre consultamos com sinceridade nossa consciência n0 momento da escolha. Na maioria das vezes optamos pelo mais fácil, prazeroso e imediato.

 Apesar dos erros, apesar de seguirmos por estradas tortuosas, podemos a qualquer momento abrir uma bifurcação e acessamos a estrada correta, isso em qualquer momento de nossa existência. Mesmo que caminhemos rumo ao precipício e tenhamos chegado na borda prestes a cair, caso tomemos a decisão de mudar, ainda haverá tempo. Não há arrastamento irresistível, é o que nos ensinam os Espíritos da Codificação.

E Deus torce muito para que isso aconteça e aplaudirá nossa atitude. Por isso ele nos proporciona as ferramentas necessárias para nossa evolução. Por isso ele designou um Espírito Guardião para nos aconselhar e guiar conforme nossas necessidades. Portanto nosso futuro não é rígido, mas flexível, e podemos mudá-lo conforme nossa vontade. Nosso livre arbítrio é soberano, do contrário Deus não seria bom e justo.
Busquemos a intuição, consultemos nossa consciência, utilizemos nossa inteligência e razão e aprendamos a nos colocar em constante contato com nosso Anjo Guardião buscando assim apoio para escolhas corretas.  Na verdade estamos escolhendo e decidindo em todos os momentos e assim vamos escrevendo nosso futuro.


terça-feira, 27 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

ARTIGO - O ADVENTO DO CONSOLADOR



O ADVENTO DO CONSOLADOR
Com a geração que surge virá o triunfo da união, da paz e da fraternidade entre os homens
Rogério Coelho
"(...) E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador..."
- Jesus. [Jo., 14:16].

As raízes mais profundas do Espiritismo já traziam os traços de sua  marcante característica universalista, haja vista que desde o seu aparecimento e posterior desenvolvimento, nunca se circunscreveu a limites geográficos.   Romper fronteiras físicas e transcendentais, tal uma de suas múltiplas peculiaridades!
Os fenômenos que ensejaram o seu advento aconteceram nos Estados Unidos da América do Norte, mais precisamente na pequena cidade de Hydesville no Estado de Nova York, e repercutiram na França, onde se consolidaram em corpo doutrinário através do empenho formidável de Allan Kardec, devidamente amparado pela Espiritualidade Superior.  Após a formatação doutrinária, eis o Espiritismo atravessando o Atlântico, na direção das terras do Cruzeiro, encontrando terreno fértil e farta semeadura...  E do Brasil irradia-se – agora –  para todo o mundo!
Segundo Allan Kardec[1], "(...) as manifestações ocorreram em todos os tempos  tanto na Europa quanto na América, e hoje que se dá conta da coisa, lembra-se uma multidão de fatos que passaram despercebidos, e deles se encontra uma multidão consignados nos escritos autênticos. Mas esses fatos eram isolados; nestes últimos tempos, (de 1848 em diante) se produziram nos Estados Unidos, numa esca­la bastante vasta para despertar a atenção geral dos dois lados do Atlântico.  A extrema liberdade que existe naquele país  fa­voreceu a eclosão de ideias novas, e foi por isso que os Espíritos escolheram-no como o primeiro teatro de seus ensinos.
Ora, ocorre frequentemente que uma ideia nasce num país e se desenvolve em um outro, assim como se vê pelas ciências e pela indústria.   Sob esse aspecto o gênero americano fez suas provas, e nada tem a invejar à Europa; mas se excede em tudo o que concerne ao comércio e às artes mecânicas, não se pode recusar à Europa o das ciências morais e filosóficas.  Em consequência dessa diferença no caráter normal dos povos o Espiritismo experimental estava sobre seu terreno na América ao passo que a parte teórica e filosófica achava na Europa os elementos mais propícios ao seu desenvolvimento; também foi ali que ela nasceu e em poucos anos conquistou o primeiro lugar. Os fatos lá primeiro despertaram a curiosidade; mas constatados os fatos e satisfeita a curiosidade, logo deixaram as experiências materiais sem resultados positivos; não ocorreu mais o mesmo desde que se desenvolveram as consequências morais desses mesmos fatos para o futuro da Humanidade; desde esse momento o Espiritismo tomou lugar entre as ciências filosóficas caminhou a passos de gigante, apesar dos obstáculos que lhe suscitaram, porque satisfazia as aspirações das massas, porque se compreendeu prontamente que vinha preencher um vazio imenso nas crenças, e resolver o que até então parecia insolúvel.
A América, pois, foi o berço do Espiritismo, mas foi na Europa que ele cresceu e fez suas humanidades. Na América há lugar para disso ter ciúme? Não, porque sobre outros pontos teve a vantagem. Não foi na Europa que as máquinas a vapor nasceram, e não foi na América que se tornaram em condições práticas?  A cada um seu papel segundo as suas aptidões, e a cada povo o seu, segundo seu gênio particular".
Allan Kardec assinala[2] seis períodos que marcaram o surgimento e o desenvolvimento do Espiritismo:  O primeiro período foi caracterizado pela curiosidade.  O segundo foi o período filosófico, marcado pela aparição de "O Livro dos Espíritos". Desde esse momento o Espiritismo tomou um caráter diferente: foram entrevistos o objetivo e a import ância, nele se hauriu a fé e a consolação, e a rapidez de seus progressos foi tal que nenhuma outra doutrina, filosófica ou religiosa, ofereceu igual exemplo.  Mas, como todas as ideias novas, teve adversários tanto mais obstinados quanto a ideia era maior, porque toda grande ideia não pode se estabelecer sem ferir interesses; é necessário que ela tome lugar, e as pessoas deslocadas não podem vê-la com bom olhar; depois, ao lado das pessoas interessadas estão aqueles que, por sistema, sem motivos precisos, são os adversários natos de tudo o que é novo.
Nos primeiros anos, muitos duvidaram de sua vitalidade, foi porque lhe deram pouca atenção; mas quando o viram crescer apesar de tudo, se propagar em todas as classes da socieda­de e em todas as partes do mundo, tomar seu lugar entre as cren­ças e tornar-se uma potência pelo número de seus adeptos, os interesses na conservação das ideias antigas se alarmaram se­riamente. Foi então que uma verdadeira cruzada foi dirigida contra ele, e que começou o terceiro período, conhecido como o  Período da Luta.
O auto-de-fé de Barcelona, de  9 de outubro de 1860, de alguma sorte, foi o sinal desse período.  Até ali, tinha sido alvo dos sarcasmos da incredulidade que ri de tudo, sobretudo do que não compreende, mesmo das coisas mais santas, e às quais nenhuma ideia nova pode esca­par: foi o seu batismo; mas os outros não riem mais: se olham coléricos, sinal evidente e característico da importância do Espiritismo.  Desde esse momento os ataques tomaram um cará­ter de violência estranha; a palavra de ordem foi dada; sermões coléricos, pastorais, anátemas, excomunhões, perseguições in­dividuais, livros, brochuras, artigos de jornais, nada foi poupado, ne m mesmo a calúnia.  Estamos, pois, em pleno período da luta, mas ele não acabou. Vendo a inutilidade do ataque a céu aberto, vai se tentar a guerra subterrânea, que já se organiza e começa; uma calma aparente vai se fazer sentir, mas é a calma precursora da tempestade; mas também, à tempestade, sucede um tempo sereno. Espíritas, guardai-vos da inquietação!  O resultado não será duvidoso; a luta é necessária, e o seu triunfo não será senão mais brilhante. Eu disse, e o repito: vejo o objetivo, sei quando e como será alcança­do. Se vos falo com esta segurança, é que tenho para isso ra­zões sobre as quais a prudência quer que me cale, mas as conhecereis um dia. Tudo o que vos posso dizer é que poderosos auxiliares virão, que fecharão a boca a mais de um detrator. No entanto, a luta será viva, e se, no conflito, houver algumas vítimas de sua fé, que elas disso se alegrem, como o fizeram os primei­ros mártires cristãos, dos quais vários est ão entre vós para vos encorajar e vos dar o exemplo; que elas se lembrem destas pa­lavras do Cristo[3]: "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Sereis felizes quando os homens vos carregarem de maldições, e que vos perseguirem, e que disserem falsamente toda espécie de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos, então, e estremecei de alegria, por­que uma grande recompensa vos está reservada nos céus; por­que foi assim que perseguiram os profetas que vieram antes de vós."
Estas palavras não parecem ter sido ditas para Espíritas de hoje como para apóstolos de então? É que as palavras do Cris­to têm isto de particular: são de todos os tempos, por­que Sua missão era para o futuro, como para o presente.
A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e conduzirá ao Período Religioso. Depois virá o Período Intermediário -  consequência natural do precedente, e que receberá mais tarde sua denominação característica. O sexto e último período será o Período da  Renovação Social, que abrirá a era do século vinte.  Nessa época, todos os obstáculos à nova ordem de coisas queridas por Deus, para transformação da Terra, terão desaparecido; a geração que se levanta, imbuída de ideias novas, será toda a sua força, e preparará o caminho daquela que inau­gurará o triunfo definitivo da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença pela prática da lei evangélica. Assim serão verificadas as palavras do Cristo, que todas devem receber seu cumprimento, e das quais várias se cumprem nesta hora, porque os tempos preditos são chegados.                                                                   ■




[1] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Maio de 1864. Araras: IDE, 1993, p.p. 147-148.
[2] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Dezembro de 1863. Araras: IDE, 2000, p.p. 377-379.
[3] - Mt., 6:10, 11, 12.