quinta-feira, 29 de março de 2012

CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO

Artigo motivado por debates surgidos no ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, realizado toda segunda às 19 horas no CEAG. Venha estudar conosco.




O CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO
João Eduardo Ornelas

Deus conhece o futuro? Sabe Deus de antemão se vamos errar de em que momento acontecerá? Nesse caso seremos como robôs comandados e sem vontade própria ou qualquer controle sobre nosso destino? E o livre arbítrio, onde fica nessa história?

Allan Kardec, no livro “A Gênese” enfocou o tema presciência do futuro, ou seja, o conhecimento prévio do que acontecerá.  O futuro é de conhecimento de Deus e também dos  Espíritos evoluídos, pois estes gozam de uma visão amplificada, diferentemente de Espíritos grosseiros e de nós encarnados. Kardec explica didaticamente que é  como se  alguém estivesse no alto de uma montanha e de lá tivesse ampla visão de tudo o que se desenrolasse abaixo até uma longa distância, ao passo que aquele que  está na planície consegue ver somente até a próxima curva ou esquina não prevendo assim o que o aguarda. O Espírito no alto pode ver a pessoa embaixo e suas opções de caminhos a seguir.  Caso a pessoa escolha o caminho “A”, o Espírito poderá ver por exemplo que naquela estrada há na próxima curva um bando de assaltantes esperando para assaltar e agredir o primeiro que surgir. Caso escolha o caminho “B”, o Espírito com a visão amplificada poderá ver que naquela estrada as condições meteorológicas prenunciam um grande temporal com ventos e relâmpagos, e assim deduzirá que o caminhante que optar por aquele caminho certamente passará por momentos difíceis. Caso opte pelo caminho “C” o panorama que se apresenta aos olhos do Espírito observador no alto da montanha é bem tranqüilo: Belas paisagens, residências com pessoas hospitaleiras e acolhedoras, e o caminhante que optar  passar por ali viverá bons momentos que lhe proporcionarão descanso, refazimento das forças, novas e boas amizades.

E assim as opções que se nos apresentam a todo momento são como estradas, e temos  a liberdade de escolher qual delas seguir. Cada estrada leva a um resultado diferente, e o destino de cada caminho é conhecido de Deus e dos Espíritos Superiores, daí eles conhecerem o futuro. Mas pelo nosso livre arbítrio temos a liberdade de escolher qual caminho seguir. Isso equivale dizer que os ingredientes de nosso futuro existem e os rumos serão determinados por nossas escolhas. As várias possibilidades estão à nossa frente e nós fazemos as combinações que desejarmos, usamos os ingredientes disponíveis e montamos nossa receita. Assim é que o futuro pode ser conhecido de Deus e dos Espíritos Superiores e mesmo assim nosso livre arbítrio ser preservado. Eles conhecem, nós fazemos.

É como um jogo de trívia em que o leitor interfere na história escolhendo o caminho a seguir. Por exemplo, chega-se a um ponto da narrativa em que o personagem se vê numa situação crucial em que está encurralado e aí vem a pergunta ao leitor: se você acha que o personagem deve enfrentar o inimigo cara a cara, vá para a página x. se você acha que o personagem deve fugir para a floresta, vá para a página Y. Se você acha que o personagem deve dialogar e tentar convencer o inimigo a não atacá-lo, vá para a página Z. E assim a história vai sendo montada com o leitor decidindo o caminho várias vezes gerando vários finais possíveis.

No jogo de trívia pode-se seguir com a história até o fim e por curiosidade voltar no começo e escolher opções diferente para ver no que vai dar.  Na vida real também podemos fazer assim mas não com essa facilidade toda. Uma decisão equivocada pode levar a outras tantas situações que induzam outras tantas decisões equivocadas numa reação em cadeia. Decisões erradas podem nos afastar e muito de nosso caminho ideal. Temos sim a chance de voltar como no jogo, e teremos todas as oportunidades necessárias para acertar e evoluir, eis o grande consolo. Mas às vezes um caminho será refeito somente noutra encarnação, não sendo possível refazê-lo na atual. Assim, cada volta pode ser representada por uma nova vida pela porta do renascimento.

Mesmo sabendo o futuro, os Espíritos somente podem nos alertar caso haja a permissão de Deus, o que acontece em dois casos: para facilitar ou para mudar a marcha das coisas. Ademais Deus nos manda sinais, avisos muitas vezes imperceptíveis aos desatentos através por exemplo de própria consciência intuindo para as escolhas corretas. Mas o problema é que nem sempre consultamos com sinceridade nossa consciência n0 momento da escolha. Na maioria das vezes optamos pelo mais fácil, prazeroso e imediato.

 Apesar dos erros, apesar de seguirmos por estradas tortuosas, podemos a qualquer momento abrir uma bifurcação e acessamos a estrada correta, isso em qualquer momento de nossa existência. Mesmo que caminhemos rumo ao precipício e tenhamos chegado na borda prestes a cair, caso tomemos a decisão de mudar, ainda haverá tempo. Não há arrastamento irresistível, é o que nos ensinam os Espíritos da Codificação.

E Deus torce muito para que isso aconteça e aplaudirá nossa atitude. Por isso ele nos proporciona as ferramentas necessárias para nossa evolução. Por isso ele designou um Espírito Guardião para nos aconselhar e guiar conforme nossas necessidades. Portanto nosso futuro não é rígido, mas flexível, e podemos mudá-lo conforme nossa vontade. Nosso livre arbítrio é soberano, do contrário Deus não seria bom e justo.
Busquemos a intuição, consultemos nossa consciência, utilizemos nossa inteligência e razão e aprendamos a nos colocar em constante contato com nosso Anjo Guardião buscando assim apoio para escolhas corretas.  Na verdade estamos escolhendo e decidindo em todos os momentos e assim vamos escrevendo nosso futuro.


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